De forma geral, adolescentes e jovens não se veem incluídos nas discussões públicas sobre as mudanças climáticas. A maioria (84%) dos participantes afirma que os esforços dos governos de seus países para incluí-los nas políticas de combate à emergência climática são insuficientes.
Na prática, o ensino sobre o tema na escola se concentra nos impactos das mudanças climáticas (90%) e nas ações individuais, como reciclagem, economia de energia e mudança de dieta (73%). Os jovens, porém, acreditam que esses temas muitas vezes não são relevantes para o seu dia a dia. Só 22% deles receberam informações sobre políticas relacionadas ao clima, e apenas 11% foram ensinados a participar dos processos de tomada de decisão a respeito do tema. Com isso, 18% dos jovens classificaram a educação que receberam sobre mudanças climáticas como ruim ou muito ruim.
Meninas e mulheres jovens são mais propensas a dizer que não se sentem confiantes em participar de processos de políticas climáticas (29%), em comparação com meninos e homens jovens (20%).
Para Jessica Cooke, Conselheira de Política e Incidência para Mudanças Climáticas da Plan International, “a crise climática é, sem dúvida, a questão definidora de nosso tempo, e são os jovens que vão suportar o peso de seus impactos e viverão com eles por mais tempo. Como na maioria das emergências, as meninas e jovens mulheres provavelmente sofrerão as consequências mais devastadoras”. Ela reforça que só neste ano, estima-se que as mudanças climáticas impedirão pelo menos quatro milhões de meninas de concluírem seus estudos.
“Os jovens nos disseram claramente que temem por seu futuro e querem participar das discussões sobre as políticas e as decisões que vão defini-lo. Mas eles não se sentem informados ou capacitados o suficiente para fazer isso, o que expõe lacunas significativas sobre como os governos estão ensinando crianças e meninas a respeito da crise ambiental que enfrentamos”, afirma Jessica Cooke.
Antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas deste ano, a COP26, programada para acontecer entre 31 de outubro e 12 de novembro em Glasgow, na Escócia, a Plan International está convocando os governos do mundo todo a melhorar o ensino escolar sobre as mudanças climáticas, incluindo maior ênfase nas dimensões sociais, políticas e de direitos humanos da crise.
A Plan International entende as mudanças climáticas como uma injustiça social, intergeracional, racial e de gênero. Por isso, apoia crianças e jovens para que se engajem de forma significativa e segura nos processos relacionados às mudanças climáticas para reduzir as barreiras que os impedem de se envolverem e influenciarem a política e a defesa do clima.
No Brasil, a pesquisa contou com 384 adolescentes e jovens, a segunda maior representatividade entre os países participantes, com 74% de meninas, 22% de meninos e 2% identificados como não-binários. A maioria com idades entre 15 e 16 anos (53%), seguidos de 17 a 18 anos (24%).
Por aqui, a escola é a principal fonte de conhecimento sobre as mudanças climáticas (89%, seguida de sites na internet (71%) e a TV (59%). Ainda na escola, geralmente o conteúdo faz parte das aulas de Geografia (88%) e de disciplinas ligadas a Ciências (74%). Assim como nos outros países, a educação escolar sobre o clima se concentra nos impactos das mudanças (94%) e nas ações individuais de combate (81%), com informações sobre reciclagem, economia de energia, consumo consciente, e ações de mitigação (63%), como o plantio de árvores.